De bikepacking na Encosta da Serra Geral-SC

De bikepacking na Encosta da Serra Geral-SC

Uma cicloviagem perto de Florianópolis e repleta de novas sensações.

Descubra as maravilhas do interior através do cicloturismo!

Por: Lica da Triskel Bike Experiências

Embora tenha nascido em uma cidade de praia e passado grande parte da minha vida ao lado do mar, foi na roça que meu coração encontrou um lugar especial. A paixão pela vida rural despertou durante meus tempos de faculdade, no interior de São Paulo, no Vale do Paraíba, aos pés da Serra da Mantiqueira. E o que torna tudo ainda mais especial nessas localidades  ou vilas são as  pessoas, as festas e cultura, as redes de apoio, as histórias compartilhadas e as trocas sinceras. Para mim, comunidade traz um significado especial para a vida.

É por isso que, de tempos em tempos, embarco em pequenas cicloviagens, visitando velhos amigos e fazendo novas amizades pelo caminho. Sem pressa e com a intenção de “caçar assuntos”, como costumamos dizer no interior, percorro as estradas rumo a São Paulo, Minas Gerais e Sul do Rio de Janeiro. No entanto, nos últimos anos tenho buscado essas experiências perto de casa, onde posso “dar um  pulo até lá”,  por um dia ou mais e voltar pedalando a   Florianópolis. As vezes  em direção ao sul, Baixada do Maciambú, Garopaba, Laguna, Imaruí, etc, visitando engenhos de farinha, alambiques e a pesca.

O rural mais presente, um presente

Mas foi  em 2015, na encantadora São Pedro de Alcântara, que dei início a uma relação mais próxima com o meio rural em Santa Catarina. Desde então, venho visitando a região com mais frequência: Angelina, Rancho Queimado, Águas Mornas, Santo Amaro da Imperatriz, dentre outras cidades. Nessas viagens, tenho conhecido festas típicas, cantinhos especiais e pessoas queridas, tanto moradores antigos quanto novos moradores rurais que buscaram uma vida com mais significado, bem-estar e novas oportunidades. Cada um tem seu desejo e, para alcançá-lo, abriram mão das “facilidades” da cidade e seguem indo muito bem!!

Com o acolhimento e as experiências deliciosas que vivenciei nessas localidades, minhas visitas com a  bicicleta foram se tornando cada vez mais frequentes. Seja para papear, degustar as delícias que estão produzindo, como cogumelos, queijos, geléias,  cachaça, bolachas e cerveja artesanal, ou para apreciar uma macia mandioca,  verduras frescas, frutas no pé, sempre há algo surpreendente reservado para mim. E, aliás,  muitas vezes, as melhores experiências surgem quando menos esperamos!

Então,  são exatamente essas experiências que eu valorizo e agora tenho a oportunidade de compartilhar com você.

 

Sobre o Ciclofest

Façamos um parênteses: Foi assim que o primeiro Ciclofest Rural  por iniciativa da Triskel Bike teve seu início, e hoje estamos nos preparando para celebrar a terceira edição. Esse maravilhoso encontro de sensações, provocações, criatividade e propósito traz em sua proposta um significado profundo, transformando cada momento em algo verdadeiramente especial para quem participa.  A partir desses eventos também estamos sensibilizando agentes públicos, privados, comunidades, fortalecendo as redes de produtores e comércio,  para se engajarem  e juntos promover as  ações necessárias para a  implantação de rotas de cicloturismo, o que irá contribuir com o desenvolvimento da economia dessas localidades (meios de hospedagem, a agricultura familiar, agroindústria, e outros).   E essa foi uma das razões pela qual realizei essa cicloviagem.  Para  saber mais sobre o Ciclofest acesse nosso site ciclofest.com.br .

 

Nos dias 18 a 25 de maio, fui em busca de encontrar um mix delicioso de aventura e sensações, entre campos, serras, hortas, jardins, cachoeiras, fogão de lenha e afeto, segui pedalando de Florianópolis passando por 9 cidades na Grande Florianópolis e  Encosta da Serra Geral-SC!

Inicialmente, não planejava ir tão longe, mas recebi uma convocação deliciosa de meu amigo Luiz Guilherme, que vive em um lugar encantado em Santa Rosa de Lima (@a_nossa_receita) ao me convidar a visitá-lo. Pensei: por que não?

Como eu já tinha programado chegar ao menos até Rancho Queimado, mas segui  além,   aproveito a oportunidade  para registrar as experiências vivenciadas e de quebra, indicar alguns caminhos para aqueles que desejam fazer uma pequena cicloviagem próximo a Florianópolis, da mesma forma como eu fiz: pouca bagagem, sem levar barraca, com um orçamento acessível e sem desviar muito do caminho, hospedando-me  em pousadas aconchegantes com um bom café da manhã, cujos valores variam entre R$70 e R$120.

Sobre as hospedagens, vou dar algumas dicas, mas é importante ressaltar que existem variadas opções de pousadas e hospedarias  em diferentes níveis de conforto e para todos os gostos . Lamento não poder citar todas aqui, mas estamos nos esforçando para propor ações  que venham a fortalecer a prática do cicloturismo  o que irá ajudar a ampliar o rol dessas informações.

 

Bora então? De bicicleta “para cima e além”!!

Tudo dependerá de onde você deseja começar e dividir os quilômetros da cicloviagem para formar um circuito ou uma rota. Sugiro as seguintes localidades para esse roteiro: São Pedro de Alcântara, Angelina, Rancho Queimado, Alfredo Wagner- Soldado Sebold, Anitápolis, Aguas Mornas e Santo Amaro da Imperatriz. Eu comecei em Florianópolis, passei por São José e Palhoça, mas por exemplo,  você pode pegar um ônibus ou ir de carro para Santo Amaro da Imperatriz ou São Pedro de Alcântara, iniciar a cicloviagem  dali e retornar ao mesmo ponto ou voltar de outra cidade. Fique atento, pois em Anitápolis não há ônibus para a capital, apenas a partir de Rancho Queimado e São Bonifácio, com poucos horários.

 

Dia 1 – Saída 8h00 do Campeche até Angelina.

Distância: 77 km | 1345 m de elevação

Por onde comecei: Florianópolis – São José – Palhoça

Iniciei minha jornada partindo do Sul da Ilha, cruzando a ponte Hercílio Luz  em direção a São José,  sempre fugindo das vias principais, acompanhando as águas da baía até adentrar a Palhoça e atravessar a BR e seguir a São Pedro de Alcântara.

É importante ficar atento nessa parte do trajeto, durante a subida da SC 281, pois, em alguns quilômetros, não há acostamento. Mesmo sendo uma rodovia estadual em uma área urbanizada, onde pessoas caminham e pedalam nas laterais, ainda faltam providências e atenção das autoridades responsáveis.

Daqui pra frente, pressão nas pernas,  há mais subidas do que descidas!

 

Muitos amigos a encontrar: São Pedro de Alcântara

Ao chegar em São Pedro de Alcântara, fiz uma parada para visitar meu amigo @lalasmotosebikes em sua loja, aliás onde tem tudo o que um ciclista precisa, mas só encontrei seus filhos Mari e Matheus e igualmente fiquei muito feliz. Em seguida, passei por Santa Tereza para visitar o Tio Marquinho no Santuário Bom Jesus Santa Cruz (a homenagem a um homem escravizado na entrada principal do santuário é emocionante). Segui para o centro, onde almocei no restaurante Central, um lugar delicioso com ótimos preços, porém não abre aos domingos. Também fiz uma visita ao café e confeitaria @lirios.cafedapraca para conhecer os novos e simpáticos proprietários, desejar prosperidade e tomar um cafézinho após o almoço.

 

Recomendo uma visita à Casa da Cultura,  agende uma visita com mais tempo com o Assessor da Cultura o Daniel. Ele é super simpático e sabe tudo sobre a historia e a cultura da região.  Eu claro aproveitei para abraçar o amigo que estava ocupado com projetos culturais e muito animado com os editais em aberto e parti.

Segui em direção à Cachoeira do Salto e, desta vez, não passei para visitar a família de Demirço no @recantomorango, pois não queria chegar tarde em Angelina. No entanto, recomendo essa visita, pois são pessoas adoráveis, o lugar tem uma bela vista e cheio de delícias rurais.

Cuidados com alimentação e hidratação

Durante a semana, esse trecho da SC 281 entre São Pedro e Angelina é bastante tranquilo, o que eu adoro. A paisagem é deslumbrante e a arquitetura típica da região merece uma pausa para fotos: Casarão Schweitzer, Casarão Kretzer, igrejas e outras construções em ruínas que são belas e cheias de história. A estrada até que não estava tão ruim, ela é toda de terra e tem vezes que fica bem complicado.

Você também pode fazer uma parada no Alambique do Zé Folia, mas cuidado para não exagerar, pois é preciso ter força nas pedaladas. Na região de Barro Branco, existem lugares e pessoas especiais que valem a pena conhecer.  São vivencias singulares e esperamos que em breve façam parte do roteiro turístico e de cicloturismo da cidade: Sítio Nossa Senhora de Fátima   (produção de ovos de galinhas soltas e cursos),  Refúgio  Barro Branco , (produção de cogumelos e agrofloresta ),  Sítio Nascente dos Arvoredos, (agrofloresta e cursos) Refúgio Pedra Parada (hospedagem) e o Pesque e Pague no Rio Forquilha (pescaria e refeição caseira e  tropeira).

A partir desse ponto, há apenas um local bem simples: o Bar do Seu Osni, onde é possível comprar algo para comer. Portanto, é aconselhável levar algo para manter o corpo saudável durante todo o percurso e as longas subidas. Além disso, preste atenção às grutas para abastecer as garrafas de água.

Com o clima começando a esfriar, por volta das 16h, cheguei à última subida antes de Angelina, onde pude apreciar uma bela cachoeira antes de descer até a cidade.

 

Carinho no caminho: Angelina cheguei!

Nessa ocasião, me hospedei na casa da minha doce amiga Divina do @divinatemperar.  Foi uma delícia estar com sua família. Divina era responsável pela cozinha afetiva do Ciclofest Rural 2023  e estava sempre  ocupada na cozinha e eu na produção, e não tivemos tempo de aproveitar a companhia uma da outra. Portanto, esse tempo foi dedicado a boas conversas, comidinhas deliciosas, caminhadas na cachoeira, brincadeiras com Davi e muito afeto.

Dia 2 –  Saída: 7h00 Rota: Angelina, Rancho Queimado até Alfredo Wagner

Distância: 62 km | 1382 m de elevação

 

Viajando nas lembranças: Rancho Queimado e Taquaras

Saí bem cedo depois de um abraço caloroso da minha amiga e ganhei de Juliano um chá de hibisco e gengibre para me nutrir na viagem, me dando energia a cada gole. Fiz uma parada na cachoeira em Angelina antes de seguir pela estrada asfaltada, com poucos carros. Também aproveitei para passar pela feirinha Agroarte na praça de Rancho Queimado, pois estava curiosa para conferir os produtos locais. Se não fosse dia de feira, teria optado por seguir pelo Rio Knahl, na altura da Cachoeira de Angelina, um caminho  encantador com rios e lindas paisagens e  que leva até Rio Bonito, mais próximo de Taquaras.

Na praça, visitei alguns artesãos e deixei uma foto como lembrança para o nosso parceiro do Ciclofest Rural o Jose Mário do Rancho Bistrô. Com um cardápio variado de lanches e petiscos deliciosos é um ótimo local para comer e encontrar amigos para conversar na Praça. Em seguida, fiz uma parada no Djeizon  na Sonho Doce Chocolataria, onde além de chocolates e doces, sou fã do sanduíche de carne de panela.

No caminho em direção a Taquaras, encontrei Miguel, nosso anfitrião do Ciclofest 2023, e parei para mais um abraço. Também  Walter e Carolina, que moram em uma bela casa ao longo do caminho e estavam passeando com seus animais, um pônei e um cachorrinho, enquanto recolhiam o lixo deixado na natureza por pessoas insensíveis, “no mínimo”.

Doçuras em Taquaras

Segui direto para o armazém da Dona Amélia para agradecer pela recepção à nossa turma do Ciclofest e deixar uma foto como lembrança. Ela  estava muito feliz em me ver e contou como foi maravilhoso ver o armazém cheio de ciclistas “degustando” suas cachaças e licores .

Já era quase hora do almoço e fiz uma parada antes de continuar a jornada. Fiz uma refeição reconfortante no buffet maravilhoso Kaufer Café !

 

Ao chegar à estrada, após uma longa subida, apreciando as belas construções e paisagens de Taquaras e a Serra da Boa Vista, parei para comprar pinhão quentinho. Decidi avaliar se seguiria por estradas de terra até São Leonardo ou se continuaria até Alfredo Wagner pela SC 282.

 

Perguntei ao vendedor de pinhão sobre as duas opções e, quando ele mencionou que para Alfredo Wagner eram quase 25 km de descida, não resisti. “Pinhão pra que te quero” opa! Pernas pra que te quero!!, desci a estrada com cuidado, atento às pedrinhas no acostamento. Cheguei rapidamente e fui me hospedar em uma pousada bem no centro da cidade.

Após um banho relaxante, uma cama confortável e um quarto espaçoso, descansei um pouco antes  e fui jantar em um restaurante bem bom com preço honesto 50 metros do hotel.

Dia 3 –   Alfredo Wagner até Soldado Sebold por Santa Bárbara

Distância: 27 km |1017 m de elevação

 

Minha primeira vez em Alfredo Wagner

Durante o café da manhã, conheci outro aventureiro de Florianópolis, o Leandro, que também estava pedalando   ali na região e era seu último dia de viagem. Eu ainda não tinha decidido se seguiria para o Soldado Sebold pelo Caeté ou por Santa Bárbara, pois estava sozinha e com peso extra.

Ele é um ciclista mais experiente e disse que subiu tudo pedalando. Pensei: “Impossível não é !Vou empurrar a bike, mas não vou desistir!” Decidi  seguir pelo caminho do povoado de Santa Bárbara,  mais desafiador e bonito passando pelo paredão de  imensas rochas.

Meu Deus!  Da  cidade em direção ao Soldado, a estrada só subia. Muita poeira, foi só empurrar a bicicleta e aproveitar os descansos para tirar muitas fotos! A vista nas alturas era ainda mais bonita, com nuvens e neblina se dissipando enquanto o céu se abria e as subidas continuavam. Alguns campos com milharais, outros com pasto e gado, e quando a descida começou, apareceram cabanas para aluguel, araucárias solitárias e imensas paredes de pedra que tiravam o fôlego de tanta beleza.

Ficando cada vez mais lindo

O pedal ficou um pouco mais fácil e a beleza dessas formações rochosas me distraía e emocionava. Eu parava o tempo todo para fotografar e ouvir o silêncio, ou melhor, os sons da natureza. Alguns carros 4×4 passaram por mim vindo do Soldado e acenaram, o que me fez pensar que estava no caminho certo. Confesso que não me preocupei em usar muito o aplicativo de navegação, esperando encontrar placas de sinalização ao longo do percurso, só que não!! Não haviam informações e apenas alguns carros com pressa passaram por mim.

Então continuei contornando as rochas sempre à direita, até encontrar uma porteira. Fiquei em dúvida se deveria passar por ela, pois era tão velha que achei que talvez estivesse no lugar errado. Decidi seguir em frente, e conforme adentrava a floresta, a vegetação se tornava densa. Continuei até que comecei a ver o céu mais aberto e a estrada mais marcada e alguns quilômetros à frente, encontrei pessoas caminhando em direção ao estacionamento, onde pegariam os carros para retornarem. Finalmente, estava próximo.

 

Soldado Sebold

Chegar ao Soldado Sebold é uma experiência impressionante. Aliás, tenho essa fascinação por lugares com rochas, paredões e morros gigantes de pedra. Fico profundamente impressionada, com a sensação de que eles podem se levantar e me observam. E a beleza desse lugar é incrível!

Estava  exausta! Fui até o Pub do Soldado  e conheci Rafa e enquanto tomava uma cerveja,  ele me contou sobre um caminho  que tinha metade do percurso em relação ao que eu faria pelo Caeté. Ele disse que não conhecia pessoalmente, mas que um amigo ciclista, que já viajou o mundo, havia feito e que ele pessoalmente tinha muita vontade de conhecer. Enfim! Decidi que passaria a noite lá para conhecer melhor as belezas do Sebold e concordei a fazer esse “caminho alternativo” desde que ele fosse comigo. E assim foi!

Consegui uma cama em um chalé, mas poderia ter optado acampar com uma barraca cedida por eles, o que teria sido metade do preço. No entanto, preferi aproveitar para descansar bem para partir cedo no próximo dia. Nem sabia o que me esperava, e achei melhor estar mais inteira.

 

Dia 4 –  Saída 9h00 do Soldado Sebold até a  Localidade do Maracujá (Anitápolis )

Trajeto “alternativo”

Distância 16 km| 890 m altimetria ( 2 km a + errando o caminho e subidas)

 

Lá vem aventura e muito sobe e desce

No dia seguinte, decidimos então seguir através do tal caminho alternativo para Anitápolis, passando na localidade do Maracujá.

Eu de bicicleta e Rafa montado em seu cavalo Federico, acompanhados pelos cães Bob e Luna. Bob latia freneticamente, achando que havia encontrado uma presa, e avisava aos caçadores sobre sua descoberta: no caso nós!  enquanto Luna, esperta e aventureira, entrava na água e nas poças e espantava o gado que nos olhava com uma expressão “vou te pegar”.

Não vou entrar em detalhes sobre o caminho alternativo, pois não seria uma opção recomendável, e não quero incentivar ninguém a seguir nossos passos. O caminho era difícil, e mesmo com o auxílio do GPS, nos perdemos algumas vezes devido a mudanças nas porteiras e trilhas cobertas por vegetação nativa. Foi divertido, rimos bastante, mas ao chegar  estávamos cansados e famintos .

Finalmente, quase 6 horas depois

Avistamos uma movimentação humana ao longe, e  percebemos que chegamos a uma propriedade privada. Ali  estavam “dois doidos caçando assunto no meio do nada e sem ninguém”.   Foi uma cena engraçada: eu chegando de bicicleta, usando capacete e com bolsas de bikepacking, Rafa se sentindo o rei da selva em cima do cavalo, e os cães abrindo caminho com o Bob latindo e uivando anunciando nossa chegada. A família nos viu com surpresa, rindo, óbvio,   nos receberam com simpatia.

Dali, faltavam apenas 2 km até o local onde eu tinha planejado chegar, um apoio previamente planejado para alguma eventualidade, a  Montanha dos Encantos. O casal Anderson e Luana estava me aguardando e não esperavam uma trupe com cavalo, cães e um amigo, mas  nos receberam com toda simpatia e de  braços abertos. Arrumaram um quarto para  dormir, com cobertores, providenciaram comida e ainda ajudaram com os animais. Rafa precisaria retornar para casa naquele dia, mas devido ao adiantar da hora, acabou dormindo lá e partiu na madrugada seguinte.

Trajeto Sensato

Após a divertida e cansativa aventura pelo caminho alternativo, vou registrar aqui o caminho correto. Pela estrada do Caeté saindo do Soldado Sebold em direção ao estacionamento do Soldado e seguindo para Anitápolis passando pela comunidade do Maracujá. Total:  42 km |1330 m. É uma estrada de terra, com alguns caminhões e uma paisagem deserta. É importante estar preparado com água e comida suficientes para a jornada.

 

Dia 5 – Saída 13h00: Localidade do Maracujá  (Anitápolis) até Centro de Anitápolis

Distância: 13 km | 260 m

 

Antes de seguir para Anitápolis, decidi aproveitar um pouco mais das belezas e hospitalidade da Montanha dos Encantos. Lá, tive a oportunidade de desfrutar de um delicioso café da manhã com pão caseiro, observar pássaros coloridos e junto com eles explorar as trilhas cercadas por árvores frondosas, cipós e xaxins, além das diversas cachoeiras presentes na propriedade. Conheci o chalé, o sistema de saneamento ambiental, os plantios em sistema agroflorestal e a delicadezas que se espalham na propriedade. Os queridos Anderson e Luana  me mimaram muito.

Um detalhe muito legal:  Luana havia estudado com os amigos Gustavo e Luciano do @expandindomundos e com a querida Ana Clara do @cicloflorescer.  Foi uma surpresa saber que um dia antes ela havia me visto em um dos vídeos dessas pessoas maravilhosas! Universo ligeiro!!

Enfim! após um almoço saudável e saboroso, despedi-me do casal e segui em direção à cidade de Anitápolis, com o coração cheio de alegria e gratidão. No entanto, ao chegar lá, senti-me tão em paz que comecei a considerar se deveria continuar pedalando até encontrar Guilherme em Santa Rosa de Lima e retornar por São Bonifácio, ou se era hora de encerrar esta parte do roteiro e voltar por Águas Mornas. Afinal não havia saído de Florianópolis com intenção de ficar tanto tempo fora.

Ao conversar com as pessoas locais, como os proprietários da padaria, fui conquistada com  acolhimento, simpatia que resolvi que deveria dormir por lá e decidir no dia seguinte.

 

Anitápolis, fiquei!

Encontrei uma pousada na praça, a Pousada Weiss, administrada pela dona Marlene, e me senti como se estivesse na casa de uma tia querida. Também tive a oportunidade de conhecer Pedro (@pedronatalinosteffen), um  guia,  ciclista e  proprietário de um restaurante na praça, que compartilhou informações valiosas sobre a localidade. Também conversei com Fábio (@sertaobikegarage), outro guia e ciclista, que reside no Rio Perdido.

Fui a uma lanchonete na praça, saboreei um lanche delicioso acompanhado de uma cerveja gelada, tudo a preços justos, e então retornei para a pousada Weiss, desfrutando da atmosfera aconchegante e do cheirinho das roupas de cama, sentindo-me em casa.

Pronto, estava decidido! Descansei  em Anitápolis com a proposta de retornar em breve e  conhecer com mais delicadeza as cidades vizinhas, como Santa Rosa de Lima, São Bonifácio e  outras localidades próximas.

 

Dia 6 – Saída 8h00 de Anitápolis – Águas Mornas (Morro dos Cedros)

Distância : 33 km | 900 m

 

No sexto dia da minha jornada, após desfrutar de um delicioso café preparado pela dona Marlene, tive uma conversa animada com ela e percebi que ela entendia muito sobre passeios de bicicleta. Ela até me ofereceu uma mangueira para lavar a bike, uma atitude muito gentil! Descobri que a pousada dela recebe muitos ciclistas, o que não foi surpresa. Despedi-me da dona Marlene e recebi acenos simpáticos dos moradores da praça enquanto seguia meu caminho.

 

Nesse dia, pedalei pela SC 281, uma estrada asfaltada que me levou por paisagens encantadoras, com rios, cascatas e construções antigas. Parecia estar em uma estrada rural. Meu próximo destino era a Queijaria Boca da Serra, onde visitei minha parceira e querida amiga Daiani Borges e seu companheiro Ricardo. A queijaria está localizada em uma propriedade deslumbrante, com uma vista panorâmica da Serra do Tabuleiro, que é simplesmente magnífica. Eles produzem queijos artesanais deliciosos, com muito cuidado e padrões de qualidade sofisticados. Meus favoritos são o Floripano e o  Maciambu  @bocadaserra.sc  .

À noite, Daiani preparou uma pizza para nós, compartilhamos um vinho e tivemos ótimas conversas. No dia seguinte, segui meu caminho em direção a Florianópolis, já com o coração cheio de lembranças incríveis dessa região.

Dia 7- Águas Mornas – Morro do Cedro até Florianópolis

Distância: 90 km |860 m

No último dia da minha jornada, partindo da divisa entre Rancho Queimado e Águas Mornas, iniciei um incrível downhill de 10 km, que oferecia uma paisagem deslumbrante. No entanto, era difícil apreciar a vista ao descer rapidamente. Do topo, pude avistar a Comunidade do Rio Miguel, Teresópolis e o Bairro Rio dos Bugres, enquanto seguia em direção à SC 282, para Santo Amaro da Imperatriz.

Nesse ponto, eu tinha duas opções: continuar até Caldas da Imperatriz  ou Santo Amaro, o que totalizaria cerca de 35 km com 300 m de altimetria, e passar a noite lá  ou retornar a Florianópolis (Campeche), percorrendo mais 63 km com 265 m de elevação, totalizando 96 km naquele dia, com uma média de 600 m de altimetria, com mais descidas do que subidas. Decidi pela segunda opção!

Em Caldas da Imperatriz, segui pela  Beira Rio até  Sul do Rio. Essa rota é mais bonita e evita o transito da  estrada principal. Então, próximo entrada  que indicava a Cobrinha de Ouro  a direita (linda cachoeira recomendo conhecer)   entrei a esquerda, sentido Alto Aririú e  segui através da  SC 282 até cruzar a BR 101, passar a Palhoça, São Jose e chegar de volta em casa no Campeche-Florianópolis.

E assim foi a minha jornada, poucos dias repletos de emoções através do cicloturismo na Serra Geral de Santa Catarina. Cheguei perto de visitar o meu amigo Guilherme, mas infelizmente não foi possível desta vez. No entanto, não há problema algum. Isso apenas se torna mais um motivo para retornar e concluir a segunda etapa deste roteiro, e já tenho a data marcada! Logo estarei aí, Gui!

Ao final, foram 7 dias:  Média distância:> 330 km  |  Média de Elevação:> 6.200 m.

Algumas dicas e informações sobre essa cicloviagem:
  • Normalmente estudo o trajeto alguns dias antes da viagem e procuro não olhar no aplicativo, somente quando estou com muita dúvidas, antes tento  me orientar pelas informações do ambiente. Quando necessário utilizei o Wikiloc e o Strava (uso offline).  Às vezes, também utilizo o Maps.me
  • Uso equipamentos de bikepacking da @arestaequipamentos, prefiro ir mais leve e passar por estradas internas e de terra. Assim o equipamento deve estar bem preso na bike. Dessa vez levei  pouca roupa de frio e calor, ferramentas, um calçado extra e tudo  pesava cerca de 8 k.
  • Em grande parte do trajeto, não há sinal de internet e algumas localidades são bem desertas. É importante estar preparado para possíveis contratempos. Certifique-se de levar suprimentos adequados, como água e alimentos extras.
  • Ficar um dia extra em cada cidade é uma ótima maneira de realmente aproveitar e explorar a região. Assim, você terá tempo suficiente para conhecer os cantinhos mais bonitos e desfrutar das atrações locais.
  • O valor das refeições e hospedagens nessas localidades varia, mas geralmente são justos e de boa qualidade.
  • Experimente os produtos dessas regiões, como doces, geléias, queijos, frutas e biscoitos. Se gostar, divulgue. Experiências únicas devem ser compartilhadas e estimulam o comércio local.
  • Faça uma revisão na bike e não esqueça dos itens de conserto de pneu. Certifique-se de levar apenas o essencial e distribuir o peso de forma equilibrada na bicicleta. São regiões com elevação significativa, e o peso “aumenta” com o passar dos dias.

Por fim, uma das melhores partes de viajar pelo interior é a hospitalidade das pessoas. Aproveite esse ritmo mais tranquilo e interaja com os moradores. Eles geralmente estão dispostos a ajudar e compartilhar informações valiosas sobre a região. Aproveite ao máximo essa experiência maravilhosa!

Desejo-lhes uma viagem segura e cheia de descobertas emocionantes!

 

Pousadas e hospedaria onde me hospedei e outras que  recomendo em razão de valor e conforto, nessa ocasião.

Valores entre 70 a 120 reais por dia (maio/2023)

São Pedro de Alcântara: Aconchego  Alcantarense:

Quarto individual com café da manhã e jantar = 120,00

Telefone: 48 84372010 - @aconchegoalcantarense

 

Angelina Pousada Sens:

Quarto individual com café da manhã = 90,00

Telefone: 48 32741105 - @sens_restaurante

 

Rancho Queimado:  Hotel e Restaurante Tutti.

Quarto individual com café da manhã = 90,00

Quarto com banheiro fora e café da manhã =70,00

Telefone: 4832750149

 

Alfredo Wagner: Alfredo Wagner Park Hotel

Quarto individual com café da manhã  = 100,00

Telefone: 48 988266242 - @alfredowagner_park_hotel

 

Alfredo Wagner: Refúgio Soldado Sebold: cedem uma barraca  = 70,00 .

Quarto coletivo 120,00. Existem opções de chalés melhores.

Telefone: 4899343775 @soldadossebold

Pub da Montanha: Café da manhã, lanches e refeições (à combinar)

Telefone: 4898089723

 

Anitápolis (Maracujá)

Chalé e Camping: Montanha dos Encantos, barraca ou quarto e café da manhã=70,00 a 120,00

Telefone: 4896851777 - @montanhadosencantos

 

Anitápolis

Pousada Weiss Dona Marlene, quarto com café da manhã = 120,00

Telefone: 48 96200957 - @pousadaweiss

 

 

 

 

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