Lica e Laura nas Terras Altas da Mantiqueira MG -Parte 2: Caminho dos Anjos

Lica e Laura nas Terras Altas da Mantiqueira MG -Parte 2: Caminho dos Anjos

Cicloturismo nas Terras Altas da Mantiqueira: De Cambuquira (postagem anterior do blog) nossa  jornada segue por terras mineiras, pedalando pelo Caminho dos Anjos e trechos da Estrada Real.

Do Morro da Cruzeiro nos despedimos de Cambuquira e dos amigos que nos proporcionaram muitas alegrias

Cambuquira / São Lourenço

25 de Julho de 2023 –

69,2 km / 1049 subida /  1094 descida /  faixa de altitude 853m – 1143 m

Por fim,  saímos bem cedinho de Cambuquira com destino a São Lourenço. Logo de cara, enfrentamos a subida do Cruzeiro, de onde tivemos uma vista incrível da cidade lá . Foi um “até logo” com um gostinho de “até breve”. Passamos por um cenário lindo, com morros de pedras gigantes e campos cobertos de trigo. Pegamos um atalho pela Estrada Real, atravessando uma mata fechada e avistando a icônica ponte de ferro que leva a Passa Quatro.

Nossa próxima parada foi em Olímpio Noronha , onde almoçamos. Certo que foi uma refeição deliciosa, feita em fogão à lenha, com pratos locais e um preço super honesto. No momento em que seguíamos o caminho, cruzamos com diversos peregrinos, que estavam indo para Aparecida do Norte.  Enquanto trocávamos algumas palavras e histórias com eles.  um rapaz que distribuía melancia para os romeiros nos chamou e nos ofereceu um pedaço refrescante. Ele disse: “Também sou ciclista, sei como é!” Em seguida trocamos contatos e quem sabe, em breve, o amigo apareça aqui pelas bandas de Florianópolis.

São Lourenço e afeto nos aguardam

Chegamos na casa da Thayná, onde batemos um papo animado. Depois, fomos para a cidade, que estava em festa gastronômica. Sim, vocês estão certos, novo capitulo e  novamente  falando de comida! Claro que aproveitamos as delícias locais e até arrisquei uns passinhos de dança no bailinho dos moradores. Foi uma noite incrível.

No dia seguinte, cedo da manhã, já estávamos de volta às pedaladas, dessa vez rumo a Itamonte. Olha, pessoal, posso adiantar que todos os dias começam assim: você acorda, arruma a bicicleta e já tem uma subida pela frente. Não adianta reclamar!

Da Estrada Real avistamos a imensidão da Serra da Mantiqueira com um céu muito azul de pom pons brancos

São Lourenço – Itamonte

26 de julho 2023

47,0 km / 875 m subida / 907 m descida / faixa de altitude 873 m – 1079 m

 

Mais uma vez, pegamos trechos da Estrada Real, pedalando por áreas rurais e passando por trilhas de mata fechada. Sempre havia uma paradinha para pegar fôlego e alguma fruta fresquinha e logo depois, lá estávamos nós encarando uma nova subida e a vista mais linda da Mantiqueira !! Almoçamos em Pouso Alto e seguimos nosso caminho margeando um rio e a linha do trem até chegarmos a Itanhandu, uma cidade encantadora.

Desse ponto continuamos nosso trajeto pela Estrada Real até Itamonte. Enquanto procurávamos um lugar para descansar, aproveitamos para tomar uma cervejinha e comer um delicioso  queijo de Alagoa. Aliás, essa região é conhecida por seus queijos maravilhosos! Então, vemos placas de todos os lados oferecendo variedades de queijos de alta qualidade.  Casa do Queijo, Ki keijo, Queijin, curado, fresco, parmesão,  etc..  é claro que aproveitamos para degustar essas iguarias deliciosas.

Finalmente, chegou a hora de descansar. Sabíamos que o próximo dia nos reservava uma longa subida rumo a Alagoa. Com o cansaço das pedaladas do dia, a noite foi de sono reparador para estarmos prontas para o próximo desafio.

 

O dia promete uma perfeita combinação: desafios e gostosuras

Itamonte / Alagoa / Matutu

27 e 28 de Julho

66,7 km / 2079 m subida / 1673 m descida / faixa de altitude 895 m – 1911 m

A jornada continua, e esses dois dias foram absolutamente incríveis e cheios de paisagens deslumbrantes .

Vamos lá, que a aventura não para!

Saímos de Itamonte e, logo no início, nos deparamos com um lavandário, uma visão e tanto para começar o dia. Pegamos a LMG 881, uma estrada de lajotas de pedra que contorna o Parque da Serra do Papagaio. Passaram por nós meia dúzia de carros, e a estrada, além de linda, estava tranquila. Mas é importante ressaltar: ela só subia, sem uma descidinha sequer para dar uma respirada. Fomos passando por pequenas vilas e povoados, como Cachoeirinha, Engenho, Quilombo e Boa Vista.

Numa dessas estradas, nos deparamos com uma comitiva de cavaleiros a caminho de Aparecida do Norte. Trocamos saudações e seguimos pedalando. Almoçamos em Alagoa, onde a comida era uma verdadeira delícia. E não posso deixar de mencionar.

Depois do almoço, dá-lhe queijo

Fomos visitar , Queijo da Alagoa, @queijodalagoamg  uma queijaria local que exibe com orgulho seus prêmios, bem como seus produtos.  A loja é organizada e repleta de produtos locais, mas o destaque mesmo são as prateleiras cheias de queijos, alguns ainda em processo de cura. O atendimento é à moda mineira, super afetuoso. Mesmo sabendo que estaríamos de bicicleta e sem espaço para levar peso extra, fomos tratadas com a mesma gentileza. Uma degustação foi inevitável, e eu só posso dizer que os queijos eram divinos.

Nossa próxima parada foi na loja e fábrica de azeites Prado e Vasquez,  onde também fizemos uma degustação de azeite e até de mel de oliveira! Eu, como espanhola, tenho o azeite como parte da minha dieta diária, então foi uma experiência incrível entender as notas e o processo de fabricação. Além dos azeites, a loja oferece uma gama de produtos, desde bijuterias até objetos de decoração feitos a partir das podas de oliveiras. O atendimento foi impecável e cheio de delicadeza.

 

Vixi! perdemos a hora, vai escurecer! Lanternas carregadas e muita atenção!

Aqui está um aprendizado valioso: muitas vezes, paramos para vivenciar experiências ao longo do caminho e acabamos nos empolgando e  chegando tarde aos nossos destinos. Por vezes, ficávamos sem comida suficiente, subestimando o tempo que as interações nos tomavam e as altimetrias mudam a percepção de tempo. Talvez fosse uma boa idéia termos dormido em Alagoa, especialmente porque lá é bem fofo e existe uma pousada da querida Guela, a Pousada Flores da Mantiqueira @pousadafloresdamantiqueira. Ela é famosa por sua gentileza e entendimento das necessidades dos ciclistas. Um bom lugar para se abastecer antes do que viria a seguir.

De Alagoa, seguimos em frente. Passamos por muitas fazendas, como Pedra Campina, Nogueira, Goulart e Carvalhos. Mudamos a direção da rota, saindo do Caminho dos Anjos e rumando para o Vale do Matutu. Cruzamos o Bairro da Cangalha, um vilarejo antigo onde estava a última venda antes de enfrentarmos uma subida íngreme e uma descida bem das boas em direção ao Vale.

E aqui, vem um dos pontos altos da aventura: um  Dow Hill no anoitecer de uns 3 km. Foi uma experiência emocionante, uma trilha com uma vala estreita que mal cabiam nossos alforjes. E quando finalmente chegamos em cima de uma ponte que parecia flutuar sobre o rio, foi impossível não sentir uma mistura de gratidão e felicidade, e rimos muito depois de baixar a adrenalina. Não havia uma luz sequer, mas o céu estava repleto de estrelas, criando uma atmosfera mágica. Só nos demos mal no quesito refeição, as duas vendas locais já estavam fechadas e não conseguimos comida em lugar algum.  Mas nos viramos com o que tinhamos!

 

Aqui ficamos um pouco mais. A natureza merece e as pernas agradecem!

No Vale do Matutu, ficamos por dois dias. Conhecemos cachoeiras, das Fadas, do Meio e Fundão. O lugar é lindo e tivemos a sorte de conhecer Lázaro, um morador local que cuida da vila e do estacionamento para visitantes. Ele conhece cada pedacinho da região e é uma excelente companhia para explorar o local. Embora tenhamos optado por ficar num chalé, gostaria de ter interagido ainda mais com os moradores locais.

No dia seguinte, seguimos para a base do Pico do Papagaio e nos hospedamos no Abrigo do Batuque @abrigodobatuque  Maiara e seu parceiro, ambos montanhistas, nos receberam com uma gentileza que fazia parecer que tínhamos chegado à casa de velhos amigos. O lugar é um encanto, construído com técnicas de bio-construção, reutilizando materiais como barro, braquiaria e garrafas de vidro. Além do acolhimento caloroso, poder conhecer a história da construção foi uma experiência enriquecedora. Ah!! eles fazem o guiamento para quem quer conhecer as trilhas e passam técnicas de montanhismo, só combinar. A vista era simplesmente incrível, com o Pico do Papagaio ao lado e um céu estrelado à noite. Dormimos tranquilamente, e depois de um café reforçado e abraços calorosos, seguimos nossa aventura.

Eita que o bicho vai pegar, literalmente!!!  Há relatos de onças na montanha!

Matutu / Aiuruoca / Cachoeira dos Garcias / Baependi (Bairro São Pedro)

29 de Julho  de 2023

59,7 km / 1839 m subida / 2208 descida / faixa de altitude 903 m – 1894

O dia começou com um desafio e tanto: a subida em direção a Aiuruoca. Já sabíamos que seria um dia cheio de subidas, mas a realidade superou nossas expectativas. A subida era íngreme,  e nos distraíamos com a paisagem de Aiuruoca mirando  ao conjunto do Pico do Papagaio. Era impossível resistir a tirar mais e mais fotos. Entramos em uma estrada de terra que nos levaria ao Bairro do Garcia, onde fomos visitar a Cachoeira dos Garcias. A subida era desafiadora, com um piso de pé de moleque. Cada pedrinha mais alta fazia a bicicleta parar, então nossos braços eram postos à prova.

No caminho encontramos apenas um ciclista, uma pessoa muito querida . Ele já foi atleta, tem uma empresa de cicloturismo em São Paulo @cabeventosesportivos e já conhecia aquele caminho, então aproveitamos todas as dicas que poderia nos dar e nos despedimos. Mesmo assim,  a gente sempre acha que entendeu,  na verdade acho que  perdemos a oportunidade de fazer as perguntas certas!! Resumindo a “cobra fumou” mas dos males o menor,  a onça não apareceu.

 

Voltando para a refrescância da história, a Cachoeira dos Garcias

Finalmente, chegamos ao Restaurante Casal Garcias, onde almoçamos e fomos conhecer a cachoeira. O restaurante  de comida a la carte  e não haviam muitas opções para viajantes que necessitam de refeições mais substanciais. O local também oferece hospedagem e camping.

Depois do almoço, enfrentamos cerca de três horas de subida até atingir a maior altitude da nossa jornada, 1894 metros de altitude. Chegamos ao topo da montanha, e a sensação era simplesmente indescritível. Com Aiuruoca de um lado e Baependi do outro, desfrutamos de um silêncio profundo. A vegetação era escassa, típica de regiões de altitude, e pedras soltas cobriam o chão e o  sol se preparava para se pôr.

Em algum momento pensávamos que seria soltar a bicicleta e deixar descer, só que não!! Começamos a perceber o quanto estávamos cansadas e era impossível relaxar na descida. Em meio a trilhas estreitas, valas, pedras soltas e areia fina, a sensação era de que, a qualquer momento, poderíamos perder o controle e despencar. A situação era perigosa, especialmente porque estávamos em uma área remota, sem sinal de celular. Uma queda poderia significar horas até que a outra conseguisse pedir ajuda. Felizmente, tivemos apenas uma pequena queda, que entortou o eixo traseiro da minha bicicleta. Conseguimos consertar e continuarmos.

 

O tempo passa, o tempo voa e a energia acabando,  sem GPS, lascou-se!!

Contemplamos o espetáculo de pôr do sol, afinal estávamos no alto das terras altas da Mantiqueira, uma experiência maravilhosa  e um privilégio que não poderíamos deixar de curtir.  Com a escuridão chegando, percebemos que tínhamos errado o caminho para o Bairro São Pedro, onde iríamos dormir numa hospedaria.  Era noite, economizando bateria e exaustas, achamos melhor  seguir no caminho  sinalizado  de uma competição que recentemente havia ocorrido no percurso,  o que acabou sendo bastante cansativo e alguns km a mais.

Já havíamos comido todas nossas reservas, deixamos cair o resto do doce de leite no chão e eram os últimos goles de água. Vou comentar sobre essa parte da historia no final.

Enfim! Finalmente,  horas depois chegamos ao Sítio Pato Selvagem, @sitiopatoselvagem onde Luiz e sua  companheira nos receberam pacientemente, mesmo três horas atrasadas. Foi banho e cama.

 

Cansadas mas não derrotadas!

30 de Julho – Baependi (Bairro de São Pedro) / Cachoeira Honorato/ Caxambu

No dia seguinte, embora cansadas,  não resistimos à curiosidade e fomos conhecer uma cachoeira não muito longe dali, percorrendo cerca de 30 km ida e volta com um desnível de 600 metros. Baependi é uma cidade encantadora, com um ambiente essencialmente rural e a principal atividade no campo é a produção de cestarias e  artesanato com bambú.  A cidade possui uma população pequena, mas o território é extenso e, acreditem, possui mais de 180 cachoeiras catalogadas (ou talvez mais de 300), o que significa que terei que voltar em breve para explorar todas elas!

E assim, seguimos para mais uma aventura, enfrentando uma subida intensa. A paisagem rural  espetacular, e chegamos ao Bar do Curral, @bardocurralbaependi da família Ferreira, onde saboreamos um delicioso prato feito de truta e aproveitamos um merecido descanso e aproveitamos para conversar  com os simpáticos  proprietários do bar,  seguirmos para a hospedaria, tomamos banho e pegamos a estrada.

 

E era o final dessa etapa da aventura

E lá fomos nós em direção a Caxambu, nossa última etapa antes do retorno. Com o ônibus marcado para as 23 horas, tínhamos um tempo considerável pela frente, então decidimos fazer o trajeto à noite pela zona rural. A lua crescente nos serviu de guia, e por vezes desligávamos as lanternas para sentir o brilho dela. Em um momento, paramos em uma venda rural, onde tomamos uma cerveja e trocamos conversas com o sanfoneiro que era o dono do local. Uma nuvem passageira trouxe alguns pingos de chuva, que acalmaram a poeira que se levantava quando carros passavam. Foi até bom, pois viajamos menos empoeiradas.

 

A sensação de chegar a cidade foi estranha!

Chegando à rodoviária de Caxambu, passamos por um bairro de periferia que nos deixou em estado de alerta. Após sete dias imersas no ambiente rural, com pequenas vilas, alguns locais sem iluminação e pessoas simples e sorridentes, esse contraste nos deixou um tanto desconfortáveis.  Um ambiente sombrio, bares cheios, carros barulhentos!

Enfim! Ao chegar na rodoviária, montamos as bicicletas e pegamos o ônibus, acordando em Taubaté, onde uma amiga nos aguardava às 3 da manhã para nos levar a São Luiz do Paraitinga. Era hora de descansar um pouco e, logo em seguida, os festejos começariam. No mesmo dia, já havia uma festa agendada na casa do amigo Rodolfo, uma celebração de aniversário . Comida deliciosa, petiscos, doce de abóbora, bolo,  forró, artistas locais se apresentando, cachaça, cerveja, caipirinhas, vinho… Foi uma festa e tanto!!

 

E já esta chegando a hora de ir! Venho aqui me despedir e dizer…

31 de Julho – São Luiz do Paraitinga – Vale do Paraíba

No dia seguinte, o passeio continuou na cidade. Participamos da festa da gastronomia caipira em São Luiz do Paraitinga, aproveitando para absorver ainda mais da cultura e dos sabores locais e me despedi de Ana e amigas.  Fui  para Taubaté, onde passei mais alguns dias no vale do Paraíba. Pude visitar amigos, aproveitar momentos com a minha filha e, finalmente, fiz o retorno a Florianópolis, trazendo comigo um coração cheio de histórias para contar e uma alegria imensa.

Atrativos,  comida e gente querida: Uma experiência para dentro e para fora!!

Ah, os encantos que a região da Mantiqueira nos reservou! Cada parada para um lanche nos presenteava com verdadeiras jóias gastronômicas. Em cada cantinho, encontrávamos queijos de primeira, cafés de qualidade excepcional e doces nem se fala! Era como se a própria essência da região estivesse contida em cada sabor. E o mais incrível era a diversidade: dos pequenos produtores aos mais sofisticados, todos os produtos nas mesmas prateleiras compartilhando da mesma paixão pelos sabores e  culinária local.

Os produtos locais não eram apenas encontrados nas prateleiras, eram exaltados com uma apresentação impecável, embalagens cuidadosamente elaboradas, informações que nos conectavam às histórias por trás de cada iguaria.  E sim, comíamos de tudo, mergulhando de cabeça na cultura gastronômica local.

 

E como não mencionar as pessoas?

Um olhar nos olhos e um cumprimento sincero eram as marcas registradas da região. As palavras doces e a gentileza genuína transformavam os encontros em momentos especiais. As paisagens rurais eram um espetáculo à parte, com casas pintadas com cores vivas, cercas impecavelmente arrumadas, jardins e hortas que revelavam o carinho e o zelo dos moradores por suas terras.

A criatividade também se manifestava nas fachadas, com cores vibrantes e uma limpeza que evidenciava o orgulho da comunidade por seu ambiente. E o mais incrível é que não se via lixo acumulado nas ruas ou nas áreas rurais.

E assim, com as estrelas, a lua e a Ana, que acompanhou e cuidou de dar a direção,  encerramos mais uma aventura. Não foi apenas uma viagem, foi uma experiência de imersão em uma cultura rica, em paisagens que tocavam a alma e em pessoas cuja hospitalidade nos lembrava da beleza da conexão humana.

Sobre gratidão

E assim, minha jornada pela região da Mantiqueira chega ao fim. Foram dias intensos, repletos de desafios, risos e descobertas. Mas acima de tudo, foram dias que me ensinaram que a vida ganha mais cor e significado quando nos abrimos para novas experiências, quando nos desafiamos a ir além do que achamos possível e quando abraçamos cada momento com gratidão  e alegria.  Sempre com afeto e  empatia .

E, de volta a Florianópolis, essas sensações continuam a me  acompanhar, recordando de minha capacidade de enfrentar desafios, encontrar alegria nas pequenas coisas e apreciar o verdadeiro valor das experiências.

Até a próxima aventura, com a certeza de que o mundo é vasto e repleto de belezas a serem vivenciadas, seguirei adiante, com o coração aberto para as próximas jornadas que a vida me reservará.

 

 

Comentários e destaques sobre nossa experiência do Caminho dos Anjos

Essa viagem foi  uma jornada incrível, repleta de desafios e recompensas. Com um planejamento adequado e as informações corretas, você pode aproveitar ao máximo essa experiência. Lembre-se de cuidar da alimentação, manter-se hidratado e estar preparado para imprevistos.

 

Depois de sentir a falta de informações disponíveis online, estou aqui para compartilhar minha visão: sou uma cicloturista com mais de 50 anos, vivencio os lugares, fotos e muita interação, pedalo  há mais de 6 anos  com frequência e fui  praticante de outros esportes por mais de 30 anos.

Só para exemplificar, vou começar fazendo a seguinte consideração :  viajei de bikepacking e de forma autossuficiente em diversas rotas, incluindo a Estrada Real e o Vale Europeu. Já no Caminho da Fé  me hospedei em pousadas. É certo que essas experiências, embora tenham um nível de dificuldade semelhante ao Caminho dos Anjos, diferem em termos de infraestrutura e isso exige um cuidado maior no planejamento. Neste artigo, vou comentar sobre algumas das dificuldades que enfrentei e destacar dicas importantes para quem quer embarcar nessa jornada:

Falta de Informações nas Redes Sociais:

Primeiramente e infelizmente,  essa rota não tem site e não tem informações suficientes nas redes sociais, o que dificulta o planejamento. A sinalização ao longo do caminho também é escassa, então, esteja preparado para navegar usando mapas e aplicativos de GPS.

Cuidado com Comentários na Internet:

Sob o mesmo ponto de vista, quando pesquisar informações online, é essencial prestar atenção ao perfil dos ciclistas que fizeram os comentários.  No caso do Caminho dos Anjos, muitos eram  atletas usando bicicletas leves e sem bagagem ou ciclistas experientes com pouca bagagem, alguns com carro de apoio. Por isso as fotos felizes e relaxados  nem sempre mostram os desafios reais do caminho.

Abastecimento e Hospedagem:

Outrossim, nas cidades pequenas do interior, o comércio fecha cedo, e as opções de hospedagem podem ser limitadas. Considere levar equipamento para acampar . Você vai  encontrar lugares incríveis para ficar, mas às vezes precisa seguir em frente. Esse foi o nosso caso, e nos arrependemos de não levarmos a barraca e a cozinha.

Alimentação e Hidratação:

Do mesmo modo, carregar comida e água é crucial, pois pode não haver oportunidades de reabastecimento nas subidas íngremes. Comprar apenas o essencial ajuda a economizar peso na subida, mas esteja atento às futuras oportunidades de compra.

Logística de Ônibus:

Atualmente a maioria dos ciclistas começa e termina em Passa Quatro. É o ônibus da empresa Cometa saindo de São Paulo é que faz essa rota e o transporte de bicicletas é bem tranquilo, desde que embalada. Só a Viação Útil, incomodou um pouco  alegando que teria que levar em embalagem em caixa, mas uma boa conversa e pronto! Resolvido!

Entretanto,   você  ficar mais tempo com o fim de explorar a  região da Mantiqueira em São Paulo, segue uma dica valiosa:

A empresa Pássaro Marrom é uma ótima opção para explorar as rotas de cicloturismo na região da Mantiqueira, como: as rotas da Serras Verdes   já no Vale do Paraíba  Amigos da Rota da Luz  e as  Montanhas do Alto Vale do Paraíba, e litoral norte de São Paulo as belas praias de Ubatuba e região. Eles permitem que você leve sua bicicleta montada, o que facilita sua aventura.  Observei ciclistas saindo do ônibus na rodoviária do Tiete e me informei com um funcionário, que gentilmente disse:  “é normal, e é bom porque os ciclistas já saem pedalando para casa”.  Seria muito bom se  mais empresas de ônibus seguissem o exemplo da Pássaro Marrom, tornando o transporte de bicicletas uma opção mais conveniente para os ciclistas.

Rota vs. Infraestrutura:

De fato, a  Estrada Real, Caminho da Fé e Vale Europeu são rotas que oferecem um bom nível de suporte técnico. Pois elas contam com mapeamento preciso, informações detalhadas sobre pontos de interesse e todas as informações necessárias disponíveis em sites e mídias sociais. Outrossim  podem ser encontradas informações através das associações que fazem a gestão dessas rotas e eventualmente nas prefeituras, secretarias de governo e nos empreendimentos parceiros dessas rotas. Isso proporciona aos ciclistas a capacidade de avaliar sua própria preparação e planejar com antecedência, sabendo que terão uma infraestrutura mínima à disposição. E para quem não quer carregar a própria bagagem, podem contratar  empresas que oferecem esses serviços e outros como mecânico de plantão.

Caminho dos Anjos: Uma Aventura Pura:

No entanto, quando se trata do Caminho dos Anjos, a história é um pouco diferente. Ao que parece,  esta rota ainda não foi completamente validada pelas cidades envolvidas, o que significa que a infraestrutura pode não estar tão preparada e disponível. Como resultado, apenas aventureiros e ciclistas experientes tendem a buscar essa rota, e fazem isso por conta e risco. Aliás, um outro detalhe importante a ser considerado ao embarcar no Caminho dos Anjos é a limitação de sinal de celular. Se ocorrer algum problema, é essencial ter um plano e estar preparado para situações imprevistos. E sempre deixe alguém avisado sobre sua cicloviagem, sobre o roteiro e os dias em que ficará no caminho!

Enfim,  apesar dos desafios, o Caminho dos Anjos oferece uma experiência única e gratificante para aqueles que estão dispostos a enfrentar o desconhecido. Espero que, no futuro, esta rota seja validada e mais informações confiáveis estejam disponíveis para inspirar e ajudar outros aventureiros a explorar este maravilhoso caminho.

Em resumo, seja qual for a rota que você escolher, o cicloturismo é uma jornada enriquecedora que vale a pena ser explorada e compartilhada com outros entusiastas. Viva suas aventuras, inspire-se e vá!!

 

 

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