Cicloviagem na Rota Verde – Serras Verdes – Minas Gerais- Parte 2

Cicloviagem na Rota Verde – Serras Verdes – Minas Gerais- Parte 2

Voce já  conferiu  a Parte 1 desta aventura? Esá na postagem anterior. Agora vamos contar como foi o dia a dia de nossa curta e intensa cicloviagem através da Serras Verdes Cicloturismo.  Dias de alegria, belezas, gostosuras, simpatia, vibe boa e muita força nas coxas!!

As fotos mais lindas são de  @cc.clodoaldocosta

Dia 1 – 31 de julho

São Bento do Sapucaí → Sapucaí Mirim (Bairro Paiol)

  • Distância: 22 km 
  • Altimetria: 929

Chegamos cedo a São Bento do Sapucaí, com a temperatura marcando 4 graus. Deixamos o carro em um ponto tranquilo da cidade, montamos as bikes e seguimos para um café reforçado na padaria do centro. A escolha de começar por ali foi estratégica: no final, cada uma seguiria para um destino diferente.

Logo em Sapucaí Mirim, imprimimos o certificado e carimbamos o passaporte da rota no restaurante da Dona Lurdinha, que nos recebeu com todo carinho. A paisagem já mostrava a que vinha: montanhas imponentes, subidas fortes e muitas paradas para fotos, risadas, café e ovos cozidos (sim, ciclista precisa se alimentar bem!).

No Bairro Paiol, conhecemos a Mônica, que passava de carro e logo puxou conversa. Ela nos incentivou a procurar, mais à frente, a casa de sua mãe, Dona Toninha, e disse que encontraríamos uma garrafa de café fresquinho pelo caminho. E não é que tinha mesmo? Paramos, e já fomos atrás da Dona Toninha para conhecer um pouco mais sobre ela. Foi uma conversa deliciosa, regada a café, e ainda descobrimos que aquele também seria um ótimo lugar para pousar, saborear uma pizza e outras comidinhas da Dona Toninha, no (@chaleencantodaserra). Fica a dica!

Nossa hospedagem foi no Restaurante Antônio Lemes (@restaurante_antonio_lemes), no Paiol, um ponto estratégico no meio do caminho e de propriedade da querida Cristiane, que nos recebeu com simpatia e aconchego. O quarto coletivo era confortável com beliches, com cobertores quentinhos, e o jantar foi um verdadeiro presente: sopa de mandioquinha, arroz, feijão, truta frita e salada. Dormimos felizes e renovadas.

 

Dia 2 – 1º de agosto

Sapucaí Mirim (Paiol) Monte Verde → Camanducaia  

  • Distância: 42 km
  • Altimetria: 903 m

Amanheceu com 5 graus e custamos sair das cobertas. Mas a estrada nos esperava! Logo de início, um céu azul incrível, araucárias por todos os lados e longos trechos sem nenhuma estrutura. Foi um pedal mais solitário, mas com paisagens de encher os olhos. Próximo a fazenda Esperança morros gigantes repletos de araucárias nativas, como nos contaram os moradores, árvores plantada pelos animais como esquilos e gralhas.

No caminho, paramos para lanchar às margens de um rio cristalino e seguimos até encontrar pequenos comércios e pousadas. Um destaque foi a Parada dos Romeiros do Juca, onde tomamos água e proseamos com o simpático dono nos arredores de Camanducaia (@pousadadojuca)

A chegada a Monte Verde foi puxada: subidas longas, poeira e motoristas apressados. Mas logo a vila nos recompensou com lareira acesa, cerveja gelada e aconchego mineiro. Ah! a pomadinha é anti atrito, salva, recomendo !

Dia 3 – 2 de agosto

Monte Verde → Extrema

  • Distância: 46,6 km
  • Altimetria: 920 m

A manhã começou preguiçosa. O café da pousada só era servido às 8h, e isso nos atrasou um pouco. Dica importante: quando reservar hospedagem, sempre pergunte o horário do café. Para quem está cicloviajando, começar cedo faz toda a diferença!

Seguimos estrada afora e logo nos encantamos com a Rota das Águas: rios, corredeiras, cachoeiras e igrejinha no meio da paisagem rural. O cenário era deslumbrante, mas o corpo já começava a sentir o cansaço acumulado.

Não faltaram histórias para rir: bicicleta que caiu, meia que foi levada pela correnteza, e até a bike da Sofia que resolveu quebrar. Mas tudo se resolveu, como sempre, entre risadas e improvisos.

O ponto alto do dia foi chegar ao Café Vó Joaquina (@vojoaquina_café): um lugar lindo e mágico, cheio de delícias mineiras — bolo de milho, curau, pamonha, pão de queijo de verdade, café coado na mesa… Saímos renovadas (e um pouco mais pesadas de tanto comer).

A hospedagem em Extrema foi na Hospedaria Mandala, simples, mas acolhedora. Dona Maria, a anfitriã, nos recebeu com carinho e na conversa contou com certa tristeza: sobre as mudanças da cidade com a chegada das grandes empresas. Sua fala ecoou em nós como um alerta sobre os desafios de manter a valorização da cultura e a vida simples comunitária.

Banho quente, cerveja na praça e um lanche delicioso no Coronel Gastrobar fecharam a noite. Dessa vez fomos dormir mais tarde — afinal, nem só de pedal vive a cicloviajante.

Dia 4 – 3 de agosto

Extrema → Camanducaia → Córrego do Bom Jesus

  • Distância: 59 km
  • Altimetria: 1300 m

Esse foi o dia mais puxado da viagem. Nossas pernas sentiram cada metro, mas também foi um dos trechos mais bonitos e emocionantes.

Logo cedo encontramos o ciclista France, como outros ciclistas locais nos olhavam com espanto por estarmos levando bolsas nas bikes, dizíamos: Cicloturismo uai!! Ele  nos acompanhou por alguns quilômetros e contou histórias da região. Já perto de São Mateus do Sul, a cena era de roça autêntica: moradores na praça num domingo de sol, a musica capirira na caixa, comida boa e até uma soneca na praça depois do almoço.

O trecho tinha uma opção de corte com  uma descida de 11 km, considerada perigosa, mas optamos por seguir a rota oficial — um caminho mais longo, cheio de subidas, porém repleto de paisagens deslumbrantes. Foi a decisão certa: florestas de araucárias, picos imponentes, Pedra de São Domingos  e bicas de água cristalina para refrescar a alma.

Ao chegar em Córrego do Bom Jesus, o acolhimento foi emocionante. Uma longa descida e chegamos ao Bar do Dorival, uma mercearia com produtos locais bem no meio do caminho  impossível não parar e refrescar a garganta! Ali perto, 300 metros era nosso pouso e nos hospedamos na casa do Chiquinho, um anfitrião encantador, que nos recebeu com jardim florido, quarto cheiroso e uma simpatia sem fim.

À noite, participamos da festa do padroeiro Bom Jesus, que durava 12 dias! Igreja cheia de fé, praça com quitutes, gente sorridente. Ali também conhecemos finalmente o Clodoaldo (@cc.clodoaldocosta),  do projeto Serras Verdes Cicloturismo. Sensível e dedicado, ouviu nossas impressões da rota com atenção genuína. Saímos da festa com a alma cheia de felicidade e de “quero mais” e combinamos de nos encontrar pela manhã para acompanhar parte do  trajeto e fazer algumas fotos.

Dia 5 – 4 de agosto

Córrego do Bom Jesus → Gonçalves

  • Distância: 29 km
  • Altimetria: 1.394 m

O café da manhã na casa do Chiquinho foi daqueles que aquecem o coração: boa prosa, pão de queijo, bolo de fubá, bolo de cenoura, queijo fresco, frutas… tudo feito com carinho. Nos despedimos com beijos, abraços e a certeza de que voltaremos.

Passamos pela cidade e seguimos com muitas subidas. O Clodoaldo foi conosco em parte do caminho, fotografando e nos mostrando os pontos mais especiais. Logo encontramos o Sr. Divino, sentado com seu radinho sintonizado na moda caipira — guardião de um vilarejo fofo bairro Bocaina Córrego do Bom Jesus (divisa com Paraisópolis) com poucas casas e uma igrejinha charmosa.

Mais à frente, o Pinhalzinho, (bairro de Paraisópolis) nos recebeu com sua praça, igreja alegre e o famoso pão com mortadela do Sr. Antônio ou Toninho, dono da vendinha. Entre uma prosa e outra, ele ainda oferece wifi para a gente sem sequer pedirmos, aquela gentileza mineira.

No sol forte, poeira no rosto, prosa boa e  morangos frescos cedidos por produtores  na beira do caminho, seguimos rumo a Gonçalves. Chegamos cansadas, mas felizes. Como era segunda-feira, e tinha festa na roça no bairro Venâncio, a cidade estava quase vazia. Vixi! essa festa devia estar muito da boa, e nós mortas de cansada não conseguimos dar um pulo até la!! 

Enfim! Nos hospedamos na Hospedaria Vila Khepri (@hospedariavilakhepri),  muito boa as instalações e  perto do portal da cidade. À noite, só restava um trailer de lanche aberto na praça — e foi ali que encerramos o dia, com simplicidade e sabor.

Dia 6 – 5 de agosto

Gonçalves → São Bento do Sapucaí

  • Distância: 22 km (aprox.)
  • Altimetria: 740 m

O último dia sempre tem aquele gosto agridoce de despedida. Acordamos cedo, arrumamos tudo e fomos tomar café na Padaria São Francisco (@sao_franciscoo) — e que café! Pão com ovo, biscoito de polvilho na chapa com queijo, bolo de milho, mané deitado… um paraíso mineiro em forma de mesa.

De estômago feliz, seguimos rumo a São Bento. O caminho foi uma explosão de encontros: cachoeira do Simão, plantio de lúpulo, armazém de orgânicos, cervejarias artesanais (só olhamos de fora!rs!), capelas e mirantes. Em especial, o bairro Três Orelhas nos encantou com fartura de produtos locais no mercado de mesmo nome: pães, doces, queijos, azeites, vinhos… tudo o que amamos. E a Pedra do Barnabé e a capelinha São João com as obras de @rafaelmifano no caminho, foram um presente, uma parada longa! Como amantes do cicloturismo, só faltou mesmo  encontrar o @guilherme.cavallari por aquelas ruas pertinho de sua casa! Seria lindo dar-lhe  um abraço !!! 

No trecho final, a emoção bateu forte: ao avistar a Pedra do Baú e a imensidão da Mantiqueira, descemos eufóricas, celebrando cada curva,  o vento no rosto, e ufa! sem subidas! Em São Bento, almoçamos juntas, desmontamos as bikes e cada uma seguiu para um destino diferente — mas com a mesma sensação de missão cumprida.

Eu ainda desci de bicicleta de Santo Antônio do Pinhal até Tremembé no Vale do Paraíba onde me hospedei na casa de amigos. Com o vento forte das descidas íngremes, tranças voando,  o sorriso de lado a lado das bochechas, cantarolando um forrozinho finalizei orgulhosa do feito e por chegarmos todas bem e animadas!

Final e até breve

Pedalar pelas Serras Verdes (@cicloturismoserrasverdes) foi muito mais que percorrer quilômetros e desafios. Foi encontrar gente simples, criativa e acolhedora, comer comida de verdade, sentir o esplendor da  natureza, rir de nós mesmas e fortalecer laços de amizade.

Voltamos com a certeza de que ainda há muito por conhecer: cachoeiras, trilhas, festas populares e, sobretudo, o afeto que só o interior sabe oferecer.

E, como sempre, já estamos planejando a próxima.

DICAS:

Extrema está a apenas 1 hora da cidade de São Paulo, cerca de 110 km, e Córrego do Bom Jesus a 150 km. Muito perto! Você pode vir de ônibus de São Paulo e iniciar a rota a partir de qualquer cidade com rodoviária. Seja pela Viação Cambuí (@autoviacaocambui), que atende Extrema, Consolação, Camanducaia, Córrego do Bom Jesus e outras, ou pela empresa Pássaro Marron (São José dos Campos – São Bento do Sapucaí). E o melhor: eles aceitam bicicletas numa boa, até mesmo montadas. Isso é primeiro mundo! Integração bike e onibus em regiões de cicloturismo é item obrigatório, coisa que em Santa Catarina não existe!! Alias, para muitas vezes nem tem onibus saindo da capital!  Pronto falei!!

Enfim! Se vier de carro pode escolher onde começar e terminar. A rota é circular e as cidades na maioria são bem tranquilas. Vai encontrar fácil algum lugar seguro para deixar o carro. Só não deixe em lugares que possam atrapalhar o comércio, moradores, enfim! bom senso!

Procure também se informar sobre as festas típicas e manifestações culturais da região. Sempre agrega valor à viagem — e pode ter certeza: em Minas você sempre vai encontrar alguma celebração, afinal, o mineiro gosta duma festa! Programe-se para ficar mais tempo! Busque o autêntico.

Encontrou um artesanato ou produto gastronômico imperdível, mas está de bicicleta ou viajando de avião com restrição de bagagem? Não se preocupe! Muitas vezes a própria loja pode despachar para você pelo correio ou transportadora. Consulte!

Não tenha pressa em completar o percurso. Aproveite cada cena que chamar a sua atenção. Programe-se para sair cedo e, em algumas localidades menores, fique atento ao horário das refeições para garantir a comida quentinha.

Se  tiver alguma necessidade que não encontrou no site, entre em contato com a coordenação do Serras Verdes, cicloturismoserrasverdes.com.br. Eles são muito atenciosos e terão prazer em ajudar, e  caso  precise, podem  indicar as operadoras, parceiros locais,   apoio de carro ou outra necessidade.

Não se preocupe: se precisar, sempre haverá alguém para ajudar. O mais importante é ir, planejar com carinho, distribuir amor e se deixar levar, desfrutando das belezas dessa rota — e pelas outras deste circuito que ainda reservam  outras experiências maravilhosas!

 

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