Caminho da Fé de bike: confira nosso roteiro

Caminho da Fé de bike: confira nosso roteiro

Caminho da Fé de bike: Confira porque escolhemos fazer cicloturismo na rota mais religiosa do Brasil

Antes de tudo, quero convidar você a passear comigo nas lembranças por essa aventura tão incrível pelo Caminho da Fé, que fiz de bike com minha amiga Ana Laura no final de julho de 2021.

Percorremos o Caminho no trecho que vai de Águas da Prata até Aparecida do Norte em SP e durante seis dias, vivenciamos todas as experiências que se apresentavam ao longo do trajeto. Sentindo a hora de seguir, parar ou permanecer mais em algum cantinho especial.

Ponto de partida

Primeiramente, encontrei a Ana em Campinas – SP e de lá, partimos de ônibus para Águas da Prata. Em nosso ponto de partida do caminho, a Pousada do Peregrino (@pousadadoperegrinooficial), fechamos de antemão a rota completa da viagem com o auxílio do amigo Junior @juniormiranda_69. Confira abaixo nosso roteiro!

Confira tudo o que você precisa saber para fazer o circuito de bike neste post!

Primeiro dia: Águas da Prata – SP a Ouro Fino – MG
71 km e 1.600 de elevação

Seguimos no sentido Ouro Fino, passando pela Serra da Capela de Ferro e por plantações, fazendas, cafezais e subidas intermináveis até chegarmos a Serra dos Limas/Andradas – MG.

A ansiedade nos fez esquecer de procurar duas cachoeiras lindas, que ficaram pra trás, então já fica a dica: antes de tudo, olhe bem as indicações e não perca a chance de vivenciar essas atrações.

No caminho paramos para comer um pão com ovo caipira frito na banha de porco na casa da Dona Natalina e encontramos lá o Gilson, que havíamos conhecido na Pousada do Peregrino e voltamos a nos deparar em outros momentos desta cicloviagem. Subimos então o Morro do Sabão. O caminho era lindo, com riachos, povoados, tranquilidade e zero carros. Foi lá que encontrei a árvore mais florida de Bougainville que já vi!

Caminho da Fé de bike

A árvore de Bouganville mais florida que já vi!

Passamos então pela Barra com um povoado bem bonito, um verdadeiro cenário de novela. Lá paramos no Constantino (@constantinobar), um bar temático rock & roll com um atendimento maravilhoso, salgados deliciosos, música boa e uma super decoração. Deu vontade de ficar ali uns dias e como adoro festas de lugares assim, já perguntei quando seria uma boa época para voltar. E voltarei posteriormente para as juninas. Seguimos sentido Crisólia com a última música de rock que ouvimos, cantarolando até chegarmos ao próximo morro. Daí foi respirar e se concentrar.

Com um belo pôr do sol chegamos a Ouro Fino, com mais peregrinos. Na cidade há várias estátuas e porteiras em referência a música “Menino da Porteira” de Teddy Vieira. Foram cerca de 11 horas no trecho e nos hospedamos na Pousada Brasil Colonial, onde nos alimentamos bem e fomos ao berço.

Segundo dia: Ouro Fino a Estiva- MG
56 km e 1.770 de elevação

Começamos o caminho com a subida de um morro, onde inicia a Estrada dos Santos Negros. De antemão, meu amigo Júnior já havia me dito para nos atentarmos e adoramos passar com calma, fotografando e filmando tudo. Encontramos uma venda com pastéis e caldo de cana e fizemos uma parada, estava tudo gostoso. Havia uma parede repleta de fotos de pessoas que passaram por ali e trouxeram lembranças no retorno.

chegada no ponto final do Caminho

Porteira do Céu

Estávamos ansiosas para chegar na Porteira do Céu. Muitos amigos haviam dito que teria uma super subida, e realmente há. Porém, considerando as demais serras pela frente, foi menos do que eu pensava. Com as bikes pesadas, empurrei a maior parte, mas creio que sem o peso teria subido pedalando.

Cores e sabores pelo caminho

Finalmente, passamos por Inconfidentes e Borda da Mata – que descobri ser a capital do crochê. Ali as árvores tinham os troncos cobertos com crochês coloridos. Uma cidade calma, simpática, com uma linda Basílica na praça e palmeiras real.

A próxima parada e lugar de nosso pouso foi em uma cidade encantadora, Tocos do Moji – MG. Ela pertencia a Pouso Alegre e se tornou independente há cerca de 10 anos. Uma cidade bem cuidada, todos os prédios públicos pintados com cores alegres.

A praça, lugar de encontros, estava começando a ganhar vida com a vacinação mais adiantada. Sentamo-nos para descansar no Bar do Bastião, famoso por seus pastéis de farinha de milho e cervejas geladas. Enquanto Ana e Gilson buscavam hospedagem eu conheci Lu, que se aproximou oferecendo ajuda e entrou em contato com Luana da Pousada do Tião para fazerem nossa reserva.

riacho no caminho da fé de bike

Presentes do Caminho da Fé: paisagens, gentilezas e experiências entre pedaladas na bike

Aliás, coisa comum nesse caminho. As pessoas leem os pensamentos da gente. Era só desejar e ganhávamos água, isotônicos, morangos ou até mesmo palavras com um peregrino que já sorria e dava uma boa dica.

Algumas cervejas, novos amigos e conversas depois, conhecemos a cachacinha Porteira do Céu. A generosa anfitriã também ofereceu para mostrar no dia seguinte as cachoeiras da cidade, proposta prontamente aceita por mim.

Terceiro dia: Tocos do Moji a Estiva- MG
40 km e 1.250 de elevação

Na manhã seguinte Lu nos buscou de carro e fizemos um passeio delicioso na bela Tocos do Moji. Entrei de leve na gelada cachoeira, conhecemos outras quedas lindas e depois comemos muitos morangos visitando produtores.

cachoeira do caminho

Uma das cachoeiras que encontramos no caminho

Eles fazem a seleção dos morangos colhidos em barraquinhas ao lado do rio e arrumam carinhosamente nas caixas que chegam até nós. Aprendemos sobre a colheita e produção e o mais bacana dessa história, soubemos que os felizes e bem-sucedidos produtores são jovens.

Além disso, fizemos mais um passeio na cidade com Lu, o que só aumentava nosso encantamento por Tocos do Moji. Ah, ficamos sabendo posteriormente que o Carnaval de lá é um dos melhores, logo queremos conhecer!

Partimos para Estiva passando pela Serra dos Teodoro dos Pântanos. Muitas subidas e descidas e achei melhor trocar as pastilhas, pois minha bike já apresentava alguns problemas. Ana me ajudou. Paramos na descida para esfriar os freios, descansar os braços e comer os morangos, presente da família do Sr. Cido e de uns ciclistas queridos de Franca @spanko. Era só colocar leite condensado, cortesia do Gilson – e virou festa de criança, o granulado era o pó da estrada.

Pouco depois, já em Estiva, nos hospedamos na Pousada Poka. Cansadas, foram duas long necks, jantar e enfim, cama! Ah, detalhe importante: esqueci uma blusa lá e eles gentilmente me enviaram de volta pelo correio.

Quarto dia: Estiva, Consolação, Paraisópolis, São Bento do Sapucaí e Cantagalo
59 km e 1.650 de elevação

Subimos a Serra do Caçador onde encontramos lindas e bem cuidadas capelas, que paramos para fotografar. Ao visitarmos posteriormente a capela de São Bento tivemos a sorte de conhecer João – nosso futuro parceiro em vários trechos – e encontrar @juniormarques.sb que nesse ínterim nos deu um santinho e contou um pouco sobre a sua participação naquele caminho.

Ele é voluntário do Caminho da Fé e dedicado a manter o local bem cuidado e a experiência dos peregrinos – que andam a pé ou de bike – ainda mais emocionante. Um dos projetos dele é a inclusão de plaquinhas motivacionais. Nós também ganhamos a nossa! Querido Junior, agradecida!

placas motivacionais no caminho

Nós e as plaquinhas motivacionais do Caminho da Fé

Lá encontramos algumas peregrinas acompanhadas pela empresa Na Trilhas – da gentil Cá Costa, especializada em viagens de peregrinação. Nesse meio tempo encontramos o Junior novamente e fizemos uma oração em grupo.

Logo após, conhecemos Suzana @suzanavidigal, uma mulher simpática que estava subindo com outros peregrinos e seus bastões ritmados e sorriu para nós. Ana e eu tínhamos a curiosidade de saber o que se passava na cabeça e coração dos peregrinos, pois sabíamos o quão difícil era o caminho a pé. Então Suzana nos disse que já havia feito o Caminho de Santiago e era a sua segunda vez no Caminho da Fé após uma cirurgia.

Bicigrinas: uma descoberta!

Suzana também contou uma novidade que fez Ana se divertir o resto do trajeto: ela era uma bicigrina! Desse dia em diante, Ana saiu contando para todos a descoberta do nome dado aos peregrinos do Caminho da Fé que andam de bike. Outra dica que Suzana deu foi seguir o Cine Garimpo sem saber o quanto amo cinema, agora esse tema da mesma forma nos une. Grata, querida Suzana!

 

Chegamos a Consolação e comemos uma comida mais leve: uma truta com salada, arroz e farofa de pinhão do restaurante @santosaborconsolacao, da simpática Adriana. Dali já havíamos passado a metade do caminho e então começamos a sentir uma mudança de cenários, com rochas enormes a nossa frente.

Passamos pouco depois por Paraisópolis e me surpreendi com o crescimento da pequena cidade que eu havia conhecido há 20 anos atrás. Seguimos para Cantagalo, um povoado muito charmoso em São Bento do Sapucaí, depois da Serra Mata Cavalo. Anoitecia e estávamos cansadas.

Encontramos Ricardo da Pousada do Galo no caminho, que disse que estávamos perto. Uma observação importante: “Perto é um lugar que não existe” parafraseando Richard Bach, se fizer o Caminho logo depois saberás…

Café da manhã na Pousada do Galo

Chegamos na Pousada do Galo e imediatamente encontramos a comida no fogão a lenha, as camas prontas e uma família muito acolhedora nos recebendo. Depois fomos conhecer o bar do Galo, repleto de delícias e produtos locais. Azeite OLIC de manjericão e abacate, doces, geleias, cachaça, cerveja artesanal, queijos, linguiça… Que tristeza não poder trazer nada na bike!

De manhã, café maravilhoso, passeio no povoado com Ricardo e partimos em seguida a temida Serra da Luminosa.

Quinto dia: Cantagalo, Campista a Campos do Jordão
42 km e 1.690 de elevação

Saímos cheias de saudade de Cantagalo e descemos muito até Luminosa. Olhar ela de cima foi lindo e aproveitamos para recuperar o fôlego, contemplar a paisagem e tirar mais fotos.

Ao final da etapa de subidas empurrando a bike, já no topo da Serra da Luminosa, paramos pouco depois para saborear uma omelete deliciosa no único lugar para comer do trecho. E a paisagem já apresentava mudanças. Araucárias, pastos mais verdes, rochas enormes e as paredes da serra mais inclinadas. Chegamos logo na divisa dos estados de SP e MG.

divisa de SP para MG

Divisa de SP para MG

Estávamos mais tranquilas porque pensamos que chegaríamos cedo em Campos do Jordão, mas ledo engano. Subidas intermináveis no Campista foram deixando nossas pernas mais lentas. Quando atingimos a Crista da Mantiqueira entre MG e SP foi lindo de ver, estávamos muito alto ao lado da copa das araucárias, na mesma altura.

araucárias da crista da mantiqueira

Araucárias da Crista da Mantiqueira

Coisas engraçadas nesses caminhos: sempre que você está perto do destino, parece que ele anda para a frente, demora a chegar, ainda mais com a expectativa! Chegamos a Campos do Jordão, finalmente. Trânsito, frio, fome e cansaço, fomos direto para o BikeVille, uma deliciosa pousada de bikers com tudo o que precisávamos: cama boa, chuveiro quente, silêncio e apetrechos para dar uma geral na bike.

Sexto dia: Campos do Jordão a Aparecida
67 km e 800m de elevação

Acordamos com muito frio e pensando no que usar, pois chegaríamos ao Vale da Paraíba onde as temperaturas são mais elevadas. De antemão tomamos um gostoso café da manhã com os alegres meninos de Franca que nos convidaram a uma oração. Foi o nosso último contato com eles até Aparecida.

Atravessamos pela parte turística de Campos do Jordão e finalmente chegamos ao parque da cidade, com uma paisagem muito linda e araucárias antigas. Ana, que é engenheira agrônoma, comentava sobre a diversidade dos cenários. Das terras degradas até sentir a passagem de uma floresta a outra.

companheiros de bike pelo caminho da fé

Companheiros de pedaladas

Ali encontramos João e mais pra frente, Gilson, os bicigrinos que ora apareciam, ora sumiam das nossas vistas. Lanchamos e seguimos juntos passando por uma barreira de neblina gelada sentido Gomeral e Pedrinhas, com descidas fortes e onde sabíamos que teríamos que cuidar dos freios.

Cuidei para não cair e sobretudo me esforçava para parar em alguns momentos para apreciar a paisagem. Foram quase 20 km de descida até chegarmos a Poti, onde começa uma reta interminável. Depois de um tempo, finalmente avistamos a ponta do Santuário de Aparecida do Norte.

Aparecida do Norte: Caminho da Fé de Bike

Finalmente, chegamos no ponto final! Missão cumprida!

Em Aparecida do Norte ou embaixo de uma árvore é o momento de agradecer! Caminho da Fé de bike concluído com sucesso.

Quer fazer a rota do “Caminho da Fé” de bike e tirar as suas dúvidas sobre ele? Então entre em contato comigo para saber mais!

Triskel Bike Experiências
Informações:
mailto:lica.triskel@gmail.com  | Tel. (48) 99633-0090

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